Uma visita ao Convento dos Capuchos | Sintra
O Convento dos Capuchos (ou Convento de Santa Cruz) foi dos sítios que mais gostei de visitar em Sintra, antecedido apenas pela insubstituível Quinta da Regaleira. O que mais me impressionou foi o facto de manter a sua rusticidade, apresentando-se muito semelhante ao que seria originalmente - apesar de ter sido abandonado há quase 200 anos. Por se localizar nos confins da Serra de Sintra, longe do circuito turístico Pena/Regaleira, tem pouquíssimos turistas, o que só torna a sua visita mais agradável.
Fundado em 1560 por ordem de D. Álvaro de Castro, conselheiro de Estado do rei D. Sebastião, pertencia a uma pequena comunidade de frades da Ordem Franciscana, também conhecidos como "Frades Menores" pelo voto de pobreza, castidade e obediência que prestavam. Consta que inicialmente habitaria o convento uma comunidade de apenas 8 monges, que se dedicavam somente à meditação, numa completa renúncia do mundo exterior.
A arquitectura do convento revela-nos bastante da vida dos monges que o habitavam: simples, com o mínimo e indispensável e discreta. Só nos apercebemos do convento no momento em que alcançamos a sua entrada, sendo completamente impossível dar por ele antes disso. Pelas suas dimensões e materiais de construção, confunde-se com a Serra, que o envolve por completo.
A cada canto somos confrontados com os princípios da ordem fundada por Francisco Assis, presentes na austeridade e pobreza da construção e na harmonia com a natureza que lhe rodeia. Os corredores são esguios, baixos e escuros. As celas (ou quartos), extremamente pequenas e baixas. Para entrarmos nas várias divisões é necessário que nos verguemos, tais são as dimensões do convento. O nível de simplicidade e despojamento torna o espaço desconfortável e pouco habitável - e certamente que o desconforto físico faria parte do quotidiano de quem o habitou. A luz é pouca e chega-nos através de pequenas janelas, que proporcionam uma parca luz natural. Acresce o facto de ser essencialmente construído em pedra, o que tornaria o espaço frio - sendo pontuado em apenas algumas divisões pela utilização da cortiça.
A relação com a serra é impressionante: o convento não alterou o espaço que ocupou, tendo-se adaptado a ele e aproveitado as cotas irregulares e formações rochosas do mesmo. A simplicidade reina, sendo os únicos indícios de decoração os que se encontram à entrada, com uma fachada composta por conchas, cortiça e alguma pintura; e na fachada principal da capela, localizada junto ao lago, que está pintada com dois frescos do início do séc. XVII.
Pela sua história e espírito, foi sem dúvida um dos sítios que mais adorei conhecer em Sintra, tendo-me perdido num passeio de várias horas. Não posso ser mais honesta: se não conhecem, visitem-no num fim-de-semana com bom tempo, apreciem a sua arquitectura, embarquem nesta viagem no tempo e imaginem o que seria viver lá.
Já conheciam? Se não, ficaram com curiosidade? Imaginam como seria viver num sítio destes?
Até já,
Ana S.
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Um sítio bem bonito e ainda pouco conhecido =)
ResponderEliminarNunca tinha ouvido falar mas, um dia que vá a Sintra, vou fazer questão de ir conhecer (=
ResponderEliminarMais uma vez apresentas um local que não conheço e me deixou com vontade de visitar! :)
ResponderEliminarBeijinhos, Dalila | The Lost Louboutin Blog |
Nunca fui aí, mas está na minha lista da próxima vez que for a Sintra!
ResponderEliminarNão me recordo se já visitei o Convento dos Capuchos, mas a Quinta Regaleira é o meu sítio favorito em Sintra, absolutamente mágico. Esse parece-me semelhante, portanto já sei que vou adorar.
ResponderEliminarÉ um canto super calmo e pacifico. Adoro ;)
ResponderEliminarLove, Marie Roget
Eu Sintra já estive no Palácio da Pena e na Quinta da Regaleira mas o Convento dos Capuchos passou-me de facto ao lado. Tenho de tratar disso ;)
ResponderEliminarnem mais nem menos | Facebook | Instagram
É um sitio lindo...e as fotos estão a representá-lo tão bem!
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